Eu sumi! Quero dizer, eu continuo aqui mas sem tempo para colocar na tipografia Times News Roman as últimas novidades e tudo o que está na minha cabecinha... e são tantas coisas...

Mudança sempre causa isso né? ops, adiantei a novidade... hahahahahahahahaha

E agora que você já sabe qual é a novidade deve entender melhor como anda minha vidinha aqui no hemisfério norte. Quem já fez nem que seja uma mudançazinha na vida sabe como é. Muitos distúrbios, cancelamentos, transferências, mudança de endereço, cansaço e montanhas de caixas, muitas caixas...

Daí eu me pergunto, quando foi que eu acumulei tanta tralha que não vi? Onde foi que eu arrumei tanta coisinha em um espaço de tempo tão curto? Eu cheguei com uma mala e saí com muitas caixas. E olha que eu me policio pra não ficar igual a minha tia que guarda caixinha de pasta de dente o ano todo pra participar da promoção do Caminhão do Faustão. Nós seres humanos... adoramos uma tralha, essa que é a verdade!

As coisas já estão entrando nos eixos, logo logo espero conseguir arrumar uma prateleira nova e colocar cada tralhinha no seu devido lugar e também organizar as ideias em lindos e divertidos posts!

A coisa está adiantada, já até comecei a escrever o próximo post que fala sobre minha mudança... mas espera, sobre isso eu vou falar só no próximo post. Até lá =D





Outro dia aconteceu uma coisa engraçada, peguei o metrô após o curso em direção ao centro, estava  distraída pensando na vida e tomei um baita susto quando de repente um estranho começou a falar comigo em português. Depois de um tempo a gente entra num sistema automático que com estranhos você não fala em português (não sei se isso é com todo mundo ou só comigo), além disso, eu havia estado falando inglês por mais de 4 horas seguidas, então quando o estranho começou a falar comigo em português eu fiquei estática sem saber em qual idioma eu iria responder.

Passados alguns segundos, meu cérebro mudou o sistema e eu respondi... "sim, sou brasileira". Era um rapaz bem simpático, conversador, e entre as estações Sherbrooke e Berri (uma distância de 2 ou 3 minutos) ele fez milhões de perguntas, tantas que eu quase não tive tempo de perguntar como é que ele descobriu que eu era brasileira, mas antes de chegar na estação onde eu iria ficar, perguntei, e a resposta foi: "Sua mochila, está escrito em português..." Então eu realizei: Essa mochila é a maior entregação... hahahahahahahahaha

Desci na minha estação e tive tempo apenas de dizer um tchauzinho, não perguntei o nome dele, de onde era, nada, apenas sei que ele estava aqui pra estudar por alguns meses porque ele falou. Segui o meu caminho mas fiquei com aquilo na cabeça, é realmente muito raro um brasileiro vir falar comigo assim tão espontaneamente e tão alegremente (e olha que eu desfilo pela cidade toda com a mochila entregação). Pensando cá comigo mesma, acho que algum brasileiro se aproximar assim tão espontaneamente só aconteceu duas vezes antes disso, quando eu estava em Ottawa e um grupo de senhores que estavam fazendo turismo viu marido e eu falando português e vieram se apresentar e no primeiro dia do curso de inglês quando um colega veio conversar comigo assim que soube que eu era brasileira. Fora isso, acho que nunca nem deram um sorrisinho do tipo "oi conterrâneo". Já aconteceu até de brasileiros pararem de falar quando perceberam que falávamos português, mudarem de cadeira no ônibus, de estudar na mesma sala por meses e nunca me dar bola, etc, etc, etc...

Isso me chamou atenção, conversei com outros imigrantes brasileiros (os que não tem problema em ser amigos de outros brasileiros) e com imigrantes de outros países, pra saber se isso já aconteceu com eles também, e descobri que eles já passaram também por isso...

Por que isso acontece? Não sei... já pensei que é porque a pessoa quer imergir no idioma (mesmo sendo imigrantes, ou seja, não é um intercambista que vai embora mês que vem), ou porque quer tirar uma de local e não se misturar, porque o sotaque mostra que não somos do mesmo estado, que a pessoa é um mala mesmo e não quer fazer amizade com ninguém nem ser simpático (e pra achar mala no caminho a gente nem precisa ir tão longe, não é mesmo?) e até que a pessoa não quer ficar de intimidade com um estranho, mesmo sendo irmãos de pátria. Uma conhecida que está aqui há mais de 15 anos disse que não fala com nenhum brasileiro que falar português perto dela porque é chato ficar dando pulinho e puxando assunto todo alegrinho com desconhecido na rua só porque a pessoa fala português "você é brasileiro, eu também sou!!!..."

Talvez ela tenha muita razão, mas é fato que não importa onde você está, quantas pessoas, quanto barulho, ou quanta distância existir, se alguém falar um "aí" em português, você escuta, e esse "ai" entra redondinho no seu ouvido e seu cérebro vai se sentir aliviado por não fazer força nenhuma em entender isso (só demora um pouquinho pra mudar a função resposta, no meu caso). Isso me deixa triste, porque eu sou muito conversadeira, gosto muito de fazer amigos, não importa qual é a nacionalidade ou naturalidade, estou sempre disposta pra uma tagarelice e acho até que quanto mais misturado, melhor. Você não adoraria conhecer gente de diferentes cantos do Brasil? Eu adoro!

Isso até já foi um fato pra colocar no lado negativo da balança. Eu não concordo muito em deixar de fazer um amigo porque a pessoa é brasileira, muito pelo contrário, isso ajuda a gente a se sentir melhor. A gente larga família, amigos, casa, emprego, tudo, e ter alguém que entenda a piada é se sentir um pouquinho mais em casa e menos saudade do que está longe (mas eu não estou apoiando um BrazilianTown, isso não é legal, eu só estou dizendo pra gente não se renegar, okay?).

Quando é inverno, a gente fica quetinho dentro de casa, assiste todos os programas de tv e meio que se conforma com a situação. Mas quando esquenta um pouquinho e se vê um monte de gente na rua, acaba ficando com vontade de sair também, fazer uma farofa no parque, jogar uma peteca, contar umas piadas e falar mal dos outros, mas muitas vezes fazer isso fica taummm difícil... aí bate aquela depressão pela falta dos amigos ou da família... Eu já pensei em várias soluções para isso: adotar um cachorro, porque eu tenho certeza que ele vai me dar atenção e sacudir o rabo freneticamente quando eu insinuar uma saída pra rua, já pensei em ir nas faculdades procurar quem queira dividir uma conversa metade português/inglês, já pensei em procurar um velhinho na fila do banco e até em mandar fazer uma camiseta: Eu sou legal, quer ser meu amigo? Mas até agora não tive recurso financeiro para adotar um cachorrinho nem cara de pau para mandar fazer a camisa.... rsrsrs

Então se você estiver andando por aí e encontrar uma mochilinha azul e branca, escrita em português e uma menina meia desengonçada com cara de boboca alegrinha e ainda quiser fazer uma caridade, não se acanhe, vá conversar com ela, ela vai gostar!


Por uma ou duas vezes, não mais do que isso, me aventurei a fazer um piquenique na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Lá é um espaço muito legal, falta um pouco de cuidado, infraestrutura,  acessibilidade e hábito. Acho até que hábito é o que mais falta, tanto da minha parte, quanto a dos outros moradores da cidade maravilhosa. Mas convenhamos, lá tem praia, e quem tem praia, mar, areia, sol, gente bonita, água de coco, cerveja, guaraná antártica, mate com limão, esfirra do árabe, queijo coalho e Biscoito Globo, vai querer se estirar na grama por que, não é mesmo?  

E depois, no Brasil tem sol o ano inteiro, a praia está sempre ali disponível nem que seja pra uma caminhadinha básica no mês de julho, no final do dia em plena segunda-feira, dia mundial da dieta.

Pelo lado de cá, praia é coisa rara, 6 meses do ano nem grama pra deitar tem, logo...  um dia de sol é um dia de grama. Pelas poucas vezes que estive num parque no Brasil para um piquenique ou passeio (excluo a farofa da praia), pude perceber como as pessoas são, digamos.... contidas. Tanto nas coisas a se fazer, quanto nas a se comer (claro, conclusão que eu cheguei depois de ver como é um dia de parque por aqui). Gringaiada aqui faz de tudo, joga xadrez, frisbee, baralho, quebra cabeça... e pra pança, serviu pra mastigar, serviu pra levar....é pizza, salada, sushi, nachos, frango assado...

Eu já aderi a moda. Faz sol me estiro na grama. Coloco o macarrão na marmita, a toalha na sacola e parto pro parque, sem medo de ser feliz! Eis que um fim de semana desses, eu resolvi passear pelo parque com um olhar de imigrante "turista", tentando registrar os melhores momentos de "um dia no parque" e registrei atividades bem diferentes das que se veem no hemisfério sul.

Você já viu uma cena de filme, onde os amiguinhos, a família feliz ou o casal de namorados apaixonados vão fazer um piquenique num lindo gramado verde cercado de lindas árvores frondosas? Aqui é exatamente assim...e ainda tem toalha de piquenique na mesa ou na grama, cestinha com comidinhas e bebidinhas, gente alegre e feliz, crianças brincando e tem até esquilo eshperto tentando se dar bem....

Mas não para por aí, ainda bem... Gringaiada se esbalda, fazem coisas do arco da velha, que me faz perguntar se um dia eu veria coisa parecida no Brasil. Por isso deixo a pergunta a você, querido tupi-conterrâneo, o que você faria num parque em pleno domingo de calorzão? Selecionei as fotos com algumas das típicas atividades praticadas por aqui (e que espero um dia ser gringa suficiente pra fazer igual ou pelo menos não ficar chocada quando ver) e quero saber de vocês qual dessas vocês nunca fariam ou qual dessas vocês daria tudo pra fazer também...

Juntar uns amigos...

Juntar uns amigos, umas crianças, uma bola, um isopor, um bambolê...

Fazer um aniversário e participar de um jogo de pauzinhos...

Passear no trenzinho da alegria...

Armar a rede...

Tomar um sorvetinho na carrocinha (já que tá calor, né?)...

Andar de patins...

andar de patinete...

de bicicleta com rodinhas...
de bicicleta com uma roda só...

não andar...

Sentar no banquinho pra admirar a paisagem...

usar o biquíni novo ou descansar de pernas pro ar...

Ler o jornal, a revista ou o livro...

Fazer um churrasco...
Banho de sol com a amiga...

com o amigo...

com todo mundo junto...

sozinho....
Fazer um encontro de cheerleaders...

Namorar...

Fazer shiatsu na namorada (#ficaadica)...


Beber uma bebida típica, na garrafa típica e nos copos típicos...

Fumar um narguilé

Bater uma bolinha com as amigas...

Jogar um futebol...

Fazer um show com os amigos...

Fazer um show sozinho...

Meditar...

Se refrescar..

Observar um destemido meliante em ação...

Voltar aos anos 80...

E presenciar o milagre do cão caminhando sobre a água...

Tudo isso e muito mais, no parque canadense mais perto de você!

Tem coisas que a gente critica, reluta, ignora, não concorda... e quando se dá conta, já entrou na dança e está fazendo igualzinho a todo mundo. É na roupa, no comportamento, nas preferências musicais e até alimentícias... vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, e quando acontecer, acredite... você está ingrigando, e cuidado futuro retirante, isso acontece quanto menos esperar!

Como se tornar gringo - Lição número 1: Pintando a unha do pé

1° - compre um esmalte vermelho vivo



2° - Pinte as unhas do pé você mesmo
       obs.: Se quiser ficar bemmm local, pinte somente o pé 



3° - Saia de chinelos na rua e caminhe distraidamente
       (se forem Havaianas é melhor ainda - High Style Level 10) 



4° - Se esparrame na primeira grama que aparecer, sem medo de ser feliz.



Parabéns,  primeira lição completada com sucesso!