Falando inglês, ou pelo menos tentando

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Quando você chega num lugar pela primeira vez tudo é novidade. Você anda pra lá e pra cá e vê tanta coisa nova que até confude a ordem dos acontecimentos,  normal... mas aí as coisas começam a se acalmar e então surgem as primeiras dificuldades.

Tive a sensação de ter voltado à crise da adolescência "Porque ninguém me entende?!?!?!"

A pedra no meu sapato era o idioma. Eu queria falar, mas tinha um medo danado de grande, coisa de gente brejeira...só pode. Era medo de sair sozinha, de precisar perguntar alguma coisa, de alguém me perguntar alguma coisa. Socorro! Pra piorar esse meu sentimento, aqui quase todo mundo fala os dois idiomas, você chega e a pessoa já engata um "Hi, Bonjour"; e então você se sente um completo analfabeto. Antes de enfiar a cabeça num saco eu pensava: é melhor então ficar em casa. Isso me deixou muito triste por alguns dias.  

Mas como diz Alcione, nada como um dia após o outro... Os dia passaram, fui perdendo a brejeirice do campo, me arriscando aqui e acolá. De repente eu estava falando inglês (não pelos cotovelos como estou acostumada, mas tentando... rss).

E claro, o que não me faltam são situações engraçadas, outro dia entrou uma pessoa no elevador enquanto eu estava distraída com o mapa do metrô e me cumprimentou com um "Hi". Demorei uns 30 segundos pra responder qual tamanha foi minha emoção. "Essa foi a primeira vez que alguém me cumprimentou nesse prédio!", faz idéia disso? Sempre vejo indianos, asiáticos, indianos, brasileiros algumas vezes, indianos and asiáticos. Mas nunca nenhum disse um educado e simpático "Hi" pra mim! enfim, aí o simpático asiático, interessado pela minha pessoa que manuseava desastrosamente o mapa do metrô, puxou assunto. Perguntou o que eu estava procurando no mapa, de onde eu era, onde eu estudava. Essa foi a primeira criatura simpática que eu conhecia nesse prédio, mas o problema é que o vizinho desembestou a falar comigo e meu repertório "Inglistíco" acabou, aí não teve jeito, dei linha na pipa, mandei  um bye bye e lá fui toda contente e feliz fazer minhas comprinhas, me sentindo a poliglota... rsss

É muito comum alguém me pedir informação na rua. Tô dando informação gente, olha isso?! Devo ter a maior cara de "Can I help you?" só, pode... é nessa hora que eu ponho em prática a aula de "Prepositions of Place".

No curso, coisas semelhantes e muito engraçadas costumam acontecer. Imagina, são alunos de todos os lugares do mundo, cada um com seu sotaque, sem saber falar inglês, tentando falar inglês, sai muita abobrinha. Fico imaginando o que pensa o professor quando ouve os alunos conversando durante o intervalo. Outro dia, o colega Iraquiano levou algumas cartas e começou a fazer mágicas, o francês perguntou o que era aquilo e eu intrometida falei "magic", aí o coleguinha taiuanês não entendeu o que eu estava falando, peguei meu dicionário, ele leu e procurou no dicionário dele. Achei isso um máximo. Inglês > Português > Inglês > Chinês translation!

O professor, tadinho... sofre. 98% da sala fala francês (os 2% são o professor e eu) quando alguém não entende alguma coisa (quase sempre) o coitadinho faz de tudo pra explicar. Até agora, só faltou plantar bananeira, do resto já vi de tudo, de criança feliz quebrando o nariz a sapo coachando na beira do rio.

Pra falar com franqueza, acho que a experiência mais intensa que eu já tive até agora foi na última quarta-feira, quando eu tive que comprar passagens na rodoviária e na estação de trem. Achei que não fosse conseguir sair de casa, tremia só de pensar em chegar no guichê e pedir pra dona lá: "uma passagem pra Ottawa, please". Sério, antes de sair eu fiz terapia no espelho: você é turista, você é turista, você é turista! Entoei esse mantra 30 vezes, segurei na mão de Nossa Senhora dos Imigrantes Analfabetos, respirei fundo e fui. Já na rodoviário o primeiro problema: A passagem estava From: Montreal to: Ottawa, e eu queria o contrário!!! Volto lá, me explico toda, peço mil desculpas, My mistake! Sorry! e enfim, consigo a passagem do jeitim que eu queria, ufa! Certo, agora a segunda parte, o trem. Mas Nossa Senhora dos Imigrantes Desajeitados e Analfabetos num "faiá", colocou um moço pra me atender que era pura simpatia, falava um inglês bemmmm quebeca, o que me fez sentir super a vontade pra falar o meu inglês super portuseca! Pronto, passagens compradas. Enfim, vou pra Ottawa!

Olhar as passagens me faz sentir feliz, claro, porque eu vou viajar e isso sempre é muuuuuito bom, mas muito mais que isso, eu que as comprei, sozinha-inha-inha, ALONE, unicamente eu, solamente io. Essas coisas fazem um bem danado pra gente, a auto-estima dá uma esticaaaaada, vai lá pra cima. E agora eu só consigo pensar em todas as boas oportunidades que um novo idioma pode trazer pra minha vida. Bom D+!

Olhas as danadinhas aí:



Ahhh então, tô indo para o Tulip Festival em Ottawa!
Semana que vem, nesse mesmo canal, Flores para vocês!

4 comentários:

  1. Magareth, muito bom este post. Parabéns gostei muito.
    Glaucio BR/Montreal - Brasil.

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  2. Estou adorando o seu blog, me fez rir bastante e descontrai da tensão da viagem, vc escreve de forma leve, parabéns!!!!

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  3. Oi Margareth, gostaria de te perguntar se vc tem alguma dica de curso de inglês?

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  4. Olá JoRen
    Estou fazendo inglês numa Comissão Escolar(olha o link http://www.hsmontreal.ca/). Escolhi essa porque era a que oferecia aula todos os dias, 4 horas de aula. No meu primeiro trimestre tive um professor muito bom e gostei do curso, outros colegas de outros níveis reclamaram um pouco do professor. Em setembro retorno às aulas, vamos ver qual será a minha sorte... rss
    Pesquisamos por escolas nos grupos do orkut e do yahoo e claro, no bom e velho Google. Tem inglês nas Universidades e no YMCA, mas eu achei muuuuuito caro.

    Obrigada pelo comentário, continue participando e calma aí na hora de fazer a mala, pra não esquecer nada! Agora é que começa a aventura! rss

    Muito boa sorte!

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