Vive le Quebec libre
Esse
espírito separatista dos quebecas me incomoda bastante e a implicância
com a França também. Apesar de existir muita mudança a respeito disso,
ainda é possível ver e sentir o separatismo. Eu procuro entender o que é típico no Quebec: a
música, a comida, a dança... e não encontro. Tudo o que eu conheço
sobre cultura diz respeito a língua (que é da França) a mesma com a qual
eles implicam, seja pelo sotaque francês (da França) seja pelo
ressentimento (os québécois se sentiram abandonados pelos franceses na
guerra contra os ingleses pela posse do Quebec, acabando assim os
franceses colonizadores, colonizados) então, aquela minha questão, não faz sentindo o francês falado aqui passar a ser chamado de Français Québécois?
Eu penso, e é inevitável não fazer uma comparação, da relação do Brasil com Portugal, que mesmo com todo o histório de exploração e corrupção que existiu entre o período colonial, não existem ressentimentos entre os povos. Certo, tudo bem, o Canadá é um país jovem, devo considerar isso, talvez daqui 500 anos isso passe...
Outra coisa que me incomoda é o preconceito. Não é de todo mundo, que fique claro. Mas é mais do que eu esperava. Estive em 3 diferentes cidades canadenses anglófonas, as pessoas te tratam de uma maneira diferente. Do lado de cá da fronteira, se você não falar francês na rua com as pessoas, elas nunca vão te encarar como um possível turista. O quebeca é mau-humorado, fato.
Eu já ouvi uma história que no Quebec as pessoas trabalham menos, que estão preocupas com a qualidade de vida... bom, talvez isso seja verdade se a gente considerar que aqui em Montreal o comércio fecha as 5 da tarde e que você pode ser escurraçado pelo funcionário às 4h45 enquanto olha distraidamente uma prateleira de bugingangas, ou quando você resolve ir até o supermercado comprar um refrigerante e encontra todos fechados por causa de um feriado dominical. A única coisa que nunca fecha nesse lugar é a típica loja de conviniência quebeca, chamada Depanneur.
Parece piada, né? No Rio de Janeiro seria. O único lugar que eu conheço onde o comércio fecha tão cedo, é Colatina. Agora faz mais sentido pra você quando eu chamo Montreal de roça grande, não faz? Mas isso acontecerá uma vez só, depois da primeira você passa a consultar os horários de funcionamento (anotar e decorar, olhar no site e dar uma ligadinha antes só por via das dúvidas) de todos os estabelecimentos, lojas de rua, supermercados e shoppings, exceto das Depanneurs, claro, essas são mais fáceis, só fecham no dia do ano novo chinês.
Bom, consideranto tudo isso, realmente, as pessoas trabalham menos. Mas esse é o pensamento do lado de cá.
Do lado de lá da fronteira eu vi muita gente nas ruas, comércio aberto até tarde, lojas movimentas, pessoas alegres nas ruas, prontas pra te darem uma informação se te verem com cara de perdido, mesmo sem você pedir e mesmo que tenham que fazer mímicas pra você que não manda lá muito bem no inglês. Tem garçon que conta piada, motorista de ônibus que fala "sobe aí que te deixo lá" e gente que puxa assunto com você no ponto de ônibus... mas dizem do lado de lá que aqui as pessoas não trabalham muito...
Repito, nem todo mundo é mau-humorado, tem muito motorista de ônibus legal aqui também, são poucos, mas tem... rsss
Sinceramente, não me arrisco a fazer uma comparação entre canadenses anglófonos e francófonos como Bahianos e Paulistas, apesar de conhecer bem Montreal e achar realmente que se trabalha menos aqui, eu não conheço a Bahia.
Mas o preconceito existe, essa semana eu ouvi de uma amiga, que uma conterrânea dela, que esta fazendo Mestrado na Université de Montréal foi excluída de todos os grupos em um trabalho. Ninguém convidou ela, o professor teve que intervir, perguntando para toda a turma quem poderia aceitá-la no grupo. Ninguém se prontificou. Até onde eu sei, essa história terminou com ela chorando sozinha no banheiro. Eu espero sinceramente que ela não desista do curso, que mande ver no francês e tire a melhor nota da turma, mostrando pra todos esses quebecas quem são os Brasileiros!
E para quem fala o francês intermediário?
É um paradoxo. Se você não falar francês, eles te olham feio, se você falar mas não é
tão bom assim, eles cortam para o inglês. Achou complicado? Viver no meio de tudo isso é mais ainda. Como fazer pra resolver essa situação? Para isso eu tenho somente uma palavra: insistência! Veja essas duas situações e entenda:
Ainda no Brasil, você escolhe estudar lá naquela escola que ensina o francês do jeitim que os quebecas gostam, você sonha com o Canadá, digo, Quebec (se vc escolher a província do Quebec, repita o mantra desde já: Você está no Quebec, não no Canadá!) você se veste de azul, decora o hino nacional, coloca a flôr-de-lis na lapela e vem. Chegando aqui, todo empolgado, tenta colocar o francês québécois em prática, abre o sorriso e solta a língua com o primeiro quebeca que surge a sua frente. O problema é que você está inseguro, nervoso, ansioso, empolgado, tudo ao mesmo tempo, e não deixa o seu suado francês sair assim... tão bom para os ouvidos do quebeca, passou batido o sotaque de pato Donald e esqueceu do "lô lô" no final das frases, o que vai acontecer?
Mas as coisas podem piorar: Você fez francês naquela escola carríssima e ficou com um sotaque franco-brasileiro, fala fazendo biquinho e o "R" te deixa rouco no final de 2 horas de conversa. Isso também pode não agradar o ouvido dele, e então, o que vai acontecer???
Nas duas situações ele vai te responder em inglês. A não ser que você dê uma sorte danada e encontre alguém que só fale francês (o que é muito raro, pelo menos aqui em Montreal). Isso vai acontecer, e quando acontecer, o meu conselho é: insista! Peça desculpas e diga que não fala inglês, mesmo que o seu inglês seja até melhor do que o dele. Se não for assim, vai ser impossível você conseguir falar francês com alguém por aqui.
E é bem possível que isso ocorra muitas, muitas, muitas, muitas e muitas vezes. No começo, do lado de cá da fronteira, o seu francês nunca vai ser suficiente, do lado de lá, vai ser excelente! Se você está do lado de cá, não entregue os ponto, insista.
continua...
Eu penso, e é inevitável não fazer uma comparação, da relação do Brasil com Portugal, que mesmo com todo o histório de exploração e corrupção que existiu entre o período colonial, não existem ressentimentos entre os povos. Certo, tudo bem, o Canadá é um país jovem, devo considerar isso, talvez daqui 500 anos isso passe...
Outra coisa que me incomoda é o preconceito. Não é de todo mundo, que fique claro. Mas é mais do que eu esperava. Estive em 3 diferentes cidades canadenses anglófonas, as pessoas te tratam de uma maneira diferente. Do lado de cá da fronteira, se você não falar francês na rua com as pessoas, elas nunca vão te encarar como um possível turista. O quebeca é mau-humorado, fato.
Eu já ouvi uma história que no Quebec as pessoas trabalham menos, que estão preocupas com a qualidade de vida... bom, talvez isso seja verdade se a gente considerar que aqui em Montreal o comércio fecha as 5 da tarde e que você pode ser escurraçado pelo funcionário às 4h45 enquanto olha distraidamente uma prateleira de bugingangas, ou quando você resolve ir até o supermercado comprar um refrigerante e encontra todos fechados por causa de um feriado dominical. A única coisa que nunca fecha nesse lugar é a típica loja de conviniência quebeca, chamada Depanneur.
Parece piada, né? No Rio de Janeiro seria. O único lugar que eu conheço onde o comércio fecha tão cedo, é Colatina. Agora faz mais sentido pra você quando eu chamo Montreal de roça grande, não faz? Mas isso acontecerá uma vez só, depois da primeira você passa a consultar os horários de funcionamento (anotar e decorar, olhar no site e dar uma ligadinha antes só por via das dúvidas) de todos os estabelecimentos, lojas de rua, supermercados e shoppings, exceto das Depanneurs, claro, essas são mais fáceis, só fecham no dia do ano novo chinês.
Bom, consideranto tudo isso, realmente, as pessoas trabalham menos. Mas esse é o pensamento do lado de cá.
Do lado de lá da fronteira eu vi muita gente nas ruas, comércio aberto até tarde, lojas movimentas, pessoas alegres nas ruas, prontas pra te darem uma informação se te verem com cara de perdido, mesmo sem você pedir e mesmo que tenham que fazer mímicas pra você que não manda lá muito bem no inglês. Tem garçon que conta piada, motorista de ônibus que fala "sobe aí que te deixo lá" e gente que puxa assunto com você no ponto de ônibus... mas dizem do lado de lá que aqui as pessoas não trabalham muito...
Repito, nem todo mundo é mau-humorado, tem muito motorista de ônibus legal aqui também, são poucos, mas tem... rsss
Sinceramente, não me arrisco a fazer uma comparação entre canadenses anglófonos e francófonos como Bahianos e Paulistas, apesar de conhecer bem Montreal e achar realmente que se trabalha menos aqui, eu não conheço a Bahia.
Mas o preconceito existe, essa semana eu ouvi de uma amiga, que uma conterrânea dela, que esta fazendo Mestrado na Université de Montréal foi excluída de todos os grupos em um trabalho. Ninguém convidou ela, o professor teve que intervir, perguntando para toda a turma quem poderia aceitá-la no grupo. Ninguém se prontificou. Até onde eu sei, essa história terminou com ela chorando sozinha no banheiro. Eu espero sinceramente que ela não desista do curso, que mande ver no francês e tire a melhor nota da turma, mostrando pra todos esses quebecas quem são os Brasileiros!
E para quem fala o francês intermediário?
Ainda no Brasil, você escolhe estudar lá naquela escola que ensina o francês do jeitim que os quebecas gostam, você sonha com o Canadá, digo, Quebec (se vc escolher a província do Quebec, repita o mantra desde já: Você está no Quebec, não no Canadá!) você se veste de azul, decora o hino nacional, coloca a flôr-de-lis na lapela e vem. Chegando aqui, todo empolgado, tenta colocar o francês québécois em prática, abre o sorriso e solta a língua com o primeiro quebeca que surge a sua frente. O problema é que você está inseguro, nervoso, ansioso, empolgado, tudo ao mesmo tempo, e não deixa o seu suado francês sair assim... tão bom para os ouvidos do quebeca, passou batido o sotaque de pato Donald e esqueceu do "lô lô" no final das frases, o que vai acontecer?
Mas as coisas podem piorar: Você fez francês naquela escola carríssima e ficou com um sotaque franco-brasileiro, fala fazendo biquinho e o "R" te deixa rouco no final de 2 horas de conversa. Isso também pode não agradar o ouvido dele, e então, o que vai acontecer???
Nas duas situações ele vai te responder em inglês. A não ser que você dê uma sorte danada e encontre alguém que só fale francês (o que é muito raro, pelo menos aqui em Montreal). Isso vai acontecer, e quando acontecer, o meu conselho é: insista! Peça desculpas e diga que não fala inglês, mesmo que o seu inglês seja até melhor do que o dele. Se não for assim, vai ser impossível você conseguir falar francês com alguém por aqui.
E é bem possível que isso ocorra muitas, muitas, muitas, muitas e muitas vezes. No começo, do lado de cá da fronteira, o seu francês nunca vai ser suficiente, do lado de lá, vai ser excelente! Se você está do lado de cá, não entregue os ponto, insista.
continua...
Olá;
ResponderExcluirquando estive em Montreal em 2003 eu nao sabia nada de francês e, nao tive problemas em me comunicar com as pessoas em ingles. Em nenhuma situação senti que me trataram mal por nao falar frances. Talvez seja sorte ou muitos podem te tratar mal pela sua aparencia, o famoso preconceito.
abraços;
Catherine
http://meetyoutherecanada.blogspot.com/
Oi Catherine,
ResponderExcluirA questão toda aqui é conseguir falar com algum Montrealense em francês. Sempre que você tenta se comunicar e o individuo em questão não considera o seu francês, ele vai te responder em inglês. Pra quem quer aprender francês, tem que insistir, senão não consegue praticar nunca. Eu também nunca fui mal-tratada por ninguém, não existe preconceito explicito, tão pouco simpatia explicita. E acho que a aparência não influência, em questão de raça, escolha sexual ou religião o Canadá é muito avançado.