Os mendigos-malucos de Montreal merecem até um parágrafo só pra eles, afinal diz pra mim, quantas vezes você já viu um mendigo-maluco bilíngue ou trilíngue? Ficou assustado? Então o que você me diria se estivesse andando pela calçada e ao longe avistasse um mendigo-maluco gritando. Ele vem se aproximando, gesticulando e gritando em Francês. Você finge que não conhece, que nunca viu, que não entende. Aí o maluco diz: Do you speak English? Hablas Español? Nooooo?!?!?! What language you speak? Parlez moi!!!! E o coitado vai embora falando 3 idiomas e você volta pra casa, se recolhe a sua insignificância arrasado, afinal vai que você xinga ele em Português e ele entende? Bem pior, né???
Mais voltando ao personagem dessa história, Mani é o mendigo-maluquinho que vive no metrô da Guy-Concordia. É um homem de estatura mediana, branquelo como um bom Quebeca que é, mas encardido. Mani fala francês, of course, com uma voz rouca e bem grave. Mani tem os cabelos e barba bem grande, estilo Inri-Cristo, mas sem lavar. Mani não gosta muito de sapato, está descalço na maioria das vezes. Mani não tem o braço direito, tem só um pedacinho, as vezes coloca uma fita amarelo florescente com luizinhas vermelhas piscantes no cotoquinho do braço, uma graça. E foi por causa de toda essa irreverência, que Mani recebeu esse singelo apelido, dado por mim claro, que é nada mais do que a derivação de Maneta. Muito criativa eu, fala verdade... rsrs
Logo que eu cheguei, usava diariamente o metrô da Guy-Concordia porque o sujinho ficava lá perto. De longe, pelo ar, já dava pra sentir que Mani estava no pedaço. Mani se esparrama no chão do metrô e põe um copinho da cafeteria famosa ou um boné furado pra pedir esmolas. Vai fazendo filinha com as moedinhas de 1¢ que ganha. Mani fala pelos cotovelos... digo, pelo cotovelo... cumprimenta o cachorro, xinga a lata de lixo, fala sozinho. Quando o vento não está contra, dá pra saber que ele está por perto ouvindo sua voz alta e rouca, falando um francês que nem quebeca deve entender.
Mas é que a gente se mudou do sujinho, lembra da história, né? Logo Mani deixou de ser parte do nosso dia-a-dia. Fim da história.
Ledo engano.
Mani é um maluquinho com poderes extraordinários. Descobri isso deixando de usar com tanta frenquência o metrô da Guy e morando longe do sujinho, graças a Deus.
Quando eu vou a farmácia aqui perto, quem está na porta, esticado no chão, fazendo filinha de moedinhas de 1¢? Mani!
Quando eu vou no cinema, quem está na saída dando esporro na lata de lixo? Mani!
Quando eu vou no parque fazer uma caminhada, quem está tirando uma soneca no banco? Mani!
Quando eu vou no mercado do outro lado da cidade, quem está dançando e cantando com uma garrafinha de água debaixo de 1 dos braços? (piadinha infame) Mani!
Quando eu vou a Chinatown quem está cumprimentando os cachorros que passam? Sim gente, ninguém mais, ninguém menos que ele, o Mani!
Mani possuí o poder da onipresença! E que God me perdoe por estar usando um de seus Divinos Atributos para explicar esse fenômeno chamado Mani. Mas gente, qual outra explicação teria?
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