Mas do que uma vez eu voltei pra casa chateada por causa do meu inglês, ou foi alguma coisa que eu não entendi ou que eu achei que entendi, mas estava errado, ou que eu queria falar e não consegui porque não sabia como fazer.

Imagina pra uma pessoa que fala pelos cotovelos desde pequena ter que ficar quietinha porque não sabe falar? As vezes dá uma tristeza danada, principalmente porque a gente estuda, estuda e estuda, mas ainda não fala com segurança ou sem erros, parece que aprender é uma missão impossível.

Há um tempinho minha professora viu um livro que eu estava lendo sobre "como diminuir o sotaque" e ela me perguntou se isso me preocupa muito. Eu disse que não era uma grande preocupação, eu só queria mesmo era aprender a pronunciar direito (principalmente os passados, que me matam com aqueles ED's com sons de T, D e ED) e não cometer nenhum desentendimento (ou deixar o ouvinte com cara de "ela não fala inglês"). Ai começamos com uma discussão sobre o assunto, do que era mais importante: vocabulário, pronuncia, gramática e o bendito do sotaque.

A professora defendia que a gente não tem que se preocupar com isso, pra deixar o sotaque se manifestar naturalmente na nossa pronuncia, que muita gente acha legal e que outras tantas acham um charme... citou até alguns hollywoodianos com sotaque... que nativos tem sotaque... enfim, disse coisas lindas para os coitadinhos dos imigrantes desesperados que querem fazer caber um dicionário e um livro de gramatica dentro da cabeça... é confortante e tranquilizador, mas só por algumas horas, logo depois passa e começamos a ficar preocupados com isso outra vez...

Sabe quem é a Ellen Degeneres? Então, no programa de halloween Ellen se fantasiou de Sofia Vergara (Sofia é aquela atriz colombiana bonitona do Modern Family, sabe?). Famosa nos Estados Unidos, tem aparecido bastante em comerciais e programas de tv. Ellen, além da exagerada fantasia, também tentou imitar o sotaque, olhem o video:


Essa não foi a primeira vez que o sotaque de Sofia fez alguém ri, eles até brincam dizendo que o sotaque dela é falso, na verdade é mesmo, ela exagera, ela fala Inglês direitinho com um sotaquinho modesto normalmente, mas a piada é ela exagerar, e eu não vejo maldade nisso, na verdade também acho engraçado, e fico até um pouco chateada porque nunca ninguém sabe como é o sotaque do brasileiro.

O sotaque da Sofia diverte as pessoas, e isso me faz sentir melhor. Ela é uma mulher bonita, tem uma coleção de roupas, é famosa, empresária, bem sucedida, covergirl e trabalha como atriz na América... tá, vai... eles acham isso sexy e querem mais é que ela use o sotaque de espanhol mesmo, m-a-s  mesmo assim eu me sinto feliz em saber que ela não foi prejudicada ou impedida de atuar na sua profissão por causa disso, isso me conforta e eu gosto de pensar assim.

Já cometi cada erro que pelamodideus, principalmente trocando palavras ou pronunciando errado, fazendo com que a palavra mudasse de significado, quase sempre embaraçoso, como uma vez quando eu disse PORN (pornográfico) no lugar de POOR (pobre), e eu estava falando de uma criança pobre, imagina.... mico não, king kong!  Mas todo mundo riu do meu engano, inclusive eu, porque eu decidi que ri é o melhor remédio nessas situações, é a maneira de se sentir menos pior. Ser divertida é uma boa saída. E quando as pessoas riem com você, já é o primeiro passo para uma amizade, certo?  #DontWorryBeHappy

Aqui nesse video tem uma seleção especial de Sofia Vergara causando confusão com o sotaque, tipo eu na vida real...


(não aguento quando ela diz que está "dirigindo a bicicleta"!)

Antes de continuar com minha história, deixa eu defender meus amigos colombianos. Sofia usa o sotaque dela pra fazer o personagem, e ela exagera um pouco, um pocão! :)

Eu acho que melhorei muito desde quando cheguei com um inglês tupiniquim, mas chegar a falar sem sotaque um dia, acho impossível eu conseguir!

Mas falar, isso eu espero que seja fluente do tipo que flui mesmo, e tomara que o meu sotaque não me impeça de mais nada, nem de falar (que é o que mais importa pra uma tagarela, vamos combinar) nem de entender, nem de conseguir aquele emprego, nem de fazer amigos, nem de arrumar um desconto na feira, nem de nada.

Amém!

No sábado para o domingo, ás 2 horas da madruga, o horário daqui mudou. Porque exatamente é ás 2:00 eu num sei, mas é curioso isso e se eu descobrir eu conto depois.

Além de toda a triste gigantesca distância que existe entre a gente e quem amamos, agora temos 3 horas de diferença do Brasil também, ligar a noite e pegar alguém dormindo é bem comum, principalmente lá em casa onde todo mundo vai dormir com as galinhas (tipo 8 horas da noite)... o problema é que lá também se acordam com as galinhas, e a probabilidade de alguém me acordar aqui ás 5 da manhã é bem grande... sim, eu já expliquei lá que a vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena, e que dessa vez a gente deve ficar ligado nisso pra não matar ninguém do coração!  

Sinceramente eu não sei se esse foi o horário de verão que acabou - no meio do outono - ou se é o horário de inverno que começou - no meio do outono. Se bem que está bem frio, e começa a escurecer as 5 horas da tarde, e nesse caso faz mais sentido ser horário de inverno, né? rsss

Eu gosto tanto do horário de verão Eu já gostava dele lá no Brasil. Quando a gente saia do trabalho lá pelas 6:00 e ainda tinha sol pra dar uma passadinha na praia, tomar um sorvete de manga na sorveteria Italia, uma água de coco ou um açaí do Hortifrutti ou uma bib'sfiha de 0,49 centavos no quiosque do Habbi's de Copacabana : )

Tempo bom...

E eu continuo gostando do horário de verão aqui, ainda mais porque escurece no auge do verão as 10 da noite!!! ADORO!!! Dá pra fazer tanta coisa legal depois de sair do trabalho... mas espera, era pra eu estar falando do inverno, né? Porque é ele que está se aproximando... vixe Maria, dá frio só de pensar... hahahahahahahahaha

Eu gosto do frio, adoro a neve, mas não gosto nem um pouco do dia terminando as 4 da tarde e 10 dias seguidos de tempo nublado! É muito pouco sol. A gente sai e chega em casa com noite. Quem não tem a sorte de trabalhar perto de uma janela, nem vê o dia passar... é muito triste isso! Ainda bem que esse momento tenebroso dura pouco, depois do Solstício de inverno, a noite mais longa do ano, que já é em Dezembro \o/ graças a Deus, as coisas começam a melhorar, rumo ao dia mais longo do ano, em junho, no verão =]

Ihhh, olha eu falando do verão outra vez... hahahahahahaha
E que venha o inverno!



 Liguem para a polícia, alguém assassinou a moda!!!


No Brasil identificamos um gringo de longe... camisa de botão florida, sandália com meia ou tênis com meia preta, bermudão com trezentos bolsos e um braço metade branco metade vermelho-tomate-muito-maduro, certo?


Pois é minha gente, aí a coisa fica boa mesmo, e quando o país resolve abrir as suas portas para a imigração, pronto, o circo está armado! (você sai do seu país, mas o seu país não sai de você)

É cada coisa que a gente vê, cada misturança, cada lambança, que Santa Mãe de Deus!

Mas no final eu me pergunto se a ousadia desses fashionistas não merece na verdade a nossa admiração!

E depois, é bom também que a gente vai aprendendo a como se tornar gringo, e o que não usar de jeito nenhum, jamais, nunquinha mesmo!!!

Então não perca, as próximas "homenagens" a esses maravilhosos artistas da moda, nesse mesmo computador, nesse mesmo blog!!!
=)
 
O outono tá aí, o frio já chegou, as chuvas se intensificaram e o gráfico do canal do tempo que indica a temperatura desce vertiginosamente, então você já sabe, outro inverno se aproxima. No começou ainda é normal, é só mais um dia chuvoso e frio, o problema é que num belo dia de outono você se dá conta que toda a paisagem ao seu redor mudou.

Tudo acontece rápido, e você se pergunta: quando foi que aquela folha ali ficou amarela que eu nem vi? Da noite pro dia, todo o verde muda para o amarelo, do amarelo para o vermelho, do vermelho para o cinza... e do cinza para o branco, nossa... é um pulo. 

O outono é a estação preferida dos românticos. Quem já não desejou passear pelo Central Park numa tarde outonal romanticamente? E quem, ali dos trópicos equatoriais, já não admirou uma castanheira (ou amendoeira para os cariocas) quando ela começa a mudar as folhas?

O outono é considerado a estação mais bonita por muitos. Admito que o outono é poético e suas nuances de cores tem a sua beleza, mas o outono na lista das minhas estações preferidas, está em quarto lugar. Gosto de ver a natureza se transformando, coisa que acontece muito por aqui, mas a transformação do outono me causa uma certa tristeza. Eu fico melancólica porque é esperado para breve que todo aquele colorido se transforme em um monocromático e tristonho cinza.

As arvorezinhas ficam peladas, sem nenhuma folhinha, com aqueles galhos fininhos que parecem nunca mais vão voltar a ter vida... e pior, vão ficar assim por um longo e tenebroso inverno. É nessa época também que os animais começam a se recolher aos seus aposentos ou aqueles com mais condições, fazem uma viagem estratégica para o sul. Fica tudo tão triste sem um  passarinho cantando pela manhã...

A parte boa disso é que depois vem o inverno com a neve, deixando tudo branquinho e natalino. Nesse meu segundo inverno e meio (eu cheguei no meio de um inverno, então eu conto como meio, tendeu?) ainda considero a neve mágica, não consegui me cansar da neve. Dizem as más línguas que isso acontece... É fato que 6 meses de frio cansam. Aquele monte de roupa, aquela dificuldade pra ir ali no mercado comprar um pão, aquelas roupas de inverno feiosas que te deixam a cara do bonequinho da Michelin, sim.. isso tudo é chato, mas a neve em si, aqueles floquinhos caindo deixando tudo branquinho, ahhhh é tão lindo, não consegui ainda, por enquanto e entretanto me cansar da neve...

Mas enquanto a neve não chega, o que a gente faz? A gente aproveita para admirar a natureza colorida e todo o romantismo que ela vem trazendo, tira as pantufas do armário, faz uma bacia bem grande de pipoca e aproveita as noites de sábado pra assistir um filminho no sofá da sala aninhado com quem a gente ama debaixo de um edredom bem quentinho...

Mas se você aí não tem uma arvorezinha por perto mudando de cor para admirar, faz como? Nesse caso então eu te convido a admirar essas árvores daqui que eu selecionei e adicionei nesse video. Espero que gostem =)

Para melhor visualizar a exuberância outonal, lembre-se de selecionar a opção HD :)



Ficou com vontade de vir pra cá amanhã? Eu sei que sim, mas lembre-se: depois vem a neve! hahahahahaha

Credits: Tracy, Corrie and Alexa
Thank you guys for the picture colaboration
Tem Outubro Rosa por aqui também! É a campanha para prevenção do câncer de mama. São vários eventos, várias atividades, várias campanhas por todas as partes. Vejo muitas pessoas engajadas, mulheres, crianças, homens e até cachorro!

Ontem eu estava esperando o ônibus e então passou esse caminhão:


Um caminhão desse tamanho pintado de rosa chama a atenção com-cer-te-za, mas na hora eu não fiquei pensando que poderia ser da campanha (eu acabei vendo depois), apesar de ter muitas mulheres dirigindo caminhão (ônibus, trator e etc) nesse tinha um homem,  e eu então só fiquei admirando e tentando imaginar como o motorista estaria se sentindo dirigindo aquele caminhão todo rosinha =) 
Hoje no Brasil foi dia de São Cosme Damião, o que significa que foi dia de alegria para a molecada e dia de saudosismos para a marmanjada (onde eu me incluo totalmente).

Enquanto eu estava no Brasil, São Cosme e Damião não passava em branco, era dia de doce na certa, sempre ganhava um saquinho, com aqueles docinhos vagabundinhos, suspiro, mariola, maria-mole, 7 belo, pipoca doce, paçoca, doce de abóbora de coração, geleinha, docinho de leite ... aihhhh que delícia, deixa eu parar senão vou pro aeroporto agora mesmo!!!

Quando eu não ganhava (ou quando eu ganhava também) sempre dava uma passadinha na hora do almoço na lojinha de doce para garantir um saquinho extra, afinal, outro dia açucarado desse, só no dia de Santa Luzia...

Durante a infância a festa era completa, Dona Maria uma senhora muito querida lá do meu bairro em Colatina, fazia um festão para a criançada. Tinha música, comida, doce, brincadeiras... posso até me lembrar do gosto da comida da Dona Maria de tão boa que era. Ela ainda está lá, no mesmo bairro, na mesma rua, na mesma casinha, mas minha mãe me contou que a festança não rola mais porque ela já não dá conta de fazer tudo.

Hoje quando eu vi um monte de gente mencionando o dia de São Cosme e Damião no Facebook, fiquei com homesick! Também fiquei sem doce, pois nem vendinha aqui tem pra eu ir lá e garantir meu saquinho amigo e ficar menos saudosista.

Mas nem tudo está perdido, ainda há um resto de esperança para mim, ou melhor, para a criança que há em mim! Sabe por que? Porque aqui também tem dia de doce para as crianças, não é com nome de nenhum Santo, na verdade é bem ao contrário dessas coisas de bom coração, mas não deixa de ser divertido e açucarado.

Já adivinhou do que eu estou falando? Se você pensou no Halloween, acertou? É dele mesmo que eu estou falando! E esse ano eu tenho planos de sair por aí com minha cestinha de abóbora repetindo meu "Trick'r Treat ", já até pedi a filha de uma amiga emprestada (vou com a pirralha porque nesse assunto de halloween eu sou caloura.... hahahahahahahahahaha)

Eu estarei trocando um punhado de doces legais por um punhado de doces estranhos, mas quem se importa né? E tudo açúcar....  E que venha o Halloween!!!!

Ontem os atletas olímpicos e paralímpicos canadenses participaram de um desfile no centro da cidade. Eu queria muito ir, mesmo o dia estando frio e chuvoso, então dei uma escapadela de leve da rotina e fui. Assisti todos os jogos que pude durante as olimpíadas, a maioria era reprisada durante a noite no canal de esportes. Acompanhei os atletas canadenses, mas do que os brasileiros, total contribuição da rede de tv local.

E que bom que eu fui lá, foi muito divertido ver a reação das pessoas, ver o alvoroço da criançada e ver os atletas ao vivo e bem de pertinho. Tinha muita gente na rua, o desfile foi em meia pista, com o transito fluindo do outro lado sem problema, em plena sexta-feira e na hora do almoço (não consigo imaginar a mesma cena em plena Rio Branco, no centro do Rio). Acho que foi por essa razão que foi tão legal. Todo mundo que estava por ali indo almoçar, passando de ônibus, no carro de entrega ou nos escritórios, pararam por alguns minutos e puderam ver um pouquinho e participar. Adorei ver a reação das pessoas, elas sacudiam a bandeirinha, aplaudiam e diziam para os atletas "thank you"!

Quem gosta de fotinhos aí? Pois eu fiz algumas que compartilho com vocês agora. Alguns atletas eu não sei o nome, outros aparecem toda hora na tv e a carinha já é conhecida (daqueles que eu souber eu coloco o nome).





Tara Whitten and Gillian Carleton - Cycling

cameramen moderninho

Émilie Heymans and Jennifer Abel - synchronized diving


Meaghan Benfeito and Roseline Filion - Diving





Rosannagh MacLennan - Gymnastics and Trampoline



tocha olímpica

women soccer

(o cara da medalha) Brent Hayden - Swimming


Sandra Sassine - Fencing


David Tremblay - Freestyle

(direita) Mark Oldershaw  - Canoe/Kayak




E no final do desfile ainda teve um "aguenta coração" para expatriado, uma surpresa muito legal que eu compartilho nesse filminho que eu fiz pelo celular (o que quer dizer que não ficou lá grandes coisas).

E o Rio de Janeiro, é coisa nossa...





Quer encher uma expatriada de alegria e orgulho? Dê a ela um jornal com uma matéria sobre a cidade onde ela morou por quase 10 anos e com algumas fotos dos lugares onde ela frequentava.

Essa manhã, abri o Metro e dei de cara com uma linda foto do Pão de Açúcar: my home!!!! Todo mundo perto se divertiu com a minha alegria. Um dia que começou com 7º C numa estação que tecnicamente ainda é verão, não podia ser diferente, né? Cada uma das fotinhos na matéria ganhou um beijinho e eu recordei de cada vez que estive em cada um desses lugares, dos amigos que estiveram lá comigo, e o quanto eu me diverti... ai, ai...

A parte ruim de tudo isso? Ficar o resto do dia sentindo saudade de tudo e de todos...


a matéria 
o meu ponto turístico favorito
Hoje amanheceu e faziam 11 graus, apesar de tecnicamente ainda estarmos no verão, isso certamente é um aviso do outono de que ele está chegando.

Eu estava com uma sensação de que não tinha aproveitado muito bem o verão. E não aproveitei mesmo. Mudança, cidade nova, pessoas novas, muitas caixas e bagunça... Eu até tinha escrito alguns posts, mas estavam muito filosóficos. E não era sobre aquilo que eu queria discutir naquele momento, então eu decidi ir aproveitar o restinho do verão que ainda tinha e coloquei os posts de molho.

Espero que no próximo verão, já adaptada a cidade e por dentro de todos os festivais que estão rolando, eu possa aproveitar mais, esse ficou no mais ou menos, nada comparado ao verão passado em Montreal, quando eu precisava programar as atividades!

Falando em Montreal, toda hora alguma coisa me faz comparar Montreal com Toronto. É inevitável. São cidades bem diferentes, com povo e costumes bem diferentes. Talvez nem seja uma comparação, talvez seja mais constatação... Por exemplo, como eu sinto falta da vista que eu tinha do apartamento de lá. Eu sei, isso é bem pontual, mas eu sinto muita falta.

Eu adorava acordar todas as manhãs, olhar para aquela vista, e dar bom dia para Montreal. Eu adorava observar o vai e vem das pessoas. As vezes quando eu acordava a noite, ia olhar lá fora o movimento. Sempre tinha um movimento. Gente levando o cachorro pra passear, gente caminhando sozinha... e eu me divertia especulando o que levava aquele cidadão estar ali aquela hora. Voltando de uma balada talvez? Insonia? rssss

Eu adorava também observar a mudança do clima e a influência disso no comportamento das pessoas, a transformação da natureza que mudava toda a paisagem bem diante da minha janela.

E quando eu penso que o verão já acabou por aqui e que os pássaros já estão se organizando para as próximas férias no sul, eu me dou conta que já estamos em Setembro!!!!!! (muitas exclamações aqui) Como assim gente? Quando foi que 2012 passou que eu nem vi? A árvore de natal da lagoa Rodrigo de Freitas já está sendo montada! As lojas já estão vendendo roupas de inverno! Daqui a pouco já é natal. Isso é, se a gente chegar lá, né? Porque segundo os Maias, temos oque? uns 100 dias ainda?

Enfim, tendo 100 dias ou 100 anos, vamos aproveitando um dia por vez, certo? E enquanto o mundo continua sendo mundo a gente vai continuando aqui com a nossa vida, tentando aproveitar os últimos diazinhos de vento quentinho aqui no hemisfério norte.

Minha vista em Montreal, é ou não é pra sentir saudade?

Assim como eu fiz quando fui para o Rio, mamy queria que eu colocasse a famigerada panela de pressão na mala quando vim para o Canadá. Só quem sabe a preocupação da minha mãe com as minhas doses diárias de feijão, pode entender a necessidade dela em mandar essa panela pros estrangeiros.

Alguém aí já colocou a panela de pressão na mala e trouxe? Eu confesso que já havia até estudado o melhor angulo para encaixá-la dentro da mala e calculei a quantidade de meias que iriam recheá-la, mas o estraga prazeres de mãe preocupada com as doses diárias de feijão da filha, o marido, disse que os fogões daqui eram modernidade pura e que talvez não fosse seguro usar a panela brasuca de gás butano num fogão elétrico, blá, blá, blá...

Num sei se faz sentido, só sei que panela de pressão brasuca ficou lá em Colatina, mas mamãe me fez prometer que eu iria comprar outra. Pois bem, chegamos aqui e fui procurar a panela de pressão...

E ainda bem que não sou cardíaca, porque senão teria morrido naquele dia. Minha Nossa Senhora dos Imigrantes Pobres, o que era o preço daquilo? Variavam entre $75 e $200 dólares!!!!!! E nesse dia ainda vi uma árabe comprando uma e-n-o-r-m-e que custava mais de $100 com uma cara de "nossa, que barganha". Ó-de-o, porque ou eu que sou muito pobre ou uma panela de pressão lá nas arábias deve custar mais ainda do que aqui.

Claro que não comprei, me revoltei e fui comprar feijão de lata. Não é caro, é até gostoso e dá pra variar bastante nos tipos de grãos. Mas para um brasileiro de valor, meio quilo de feijão é o mínimo aceitável para se ter numa semana, não é mesmo? E apesar da sua conveniência, não rendia muito, nem colocando água, e além disso, tinha sal pra dedéu, desse jeito não estava sendo uma opção tão saudável como deveria ser.

Então eu tive a brilhante ideia de cozinhar na panela normal mesmo, que cozinhava depois de duas horas o danado do grão de feijão. Não era aquela coisa que se diz... "nossa que maravilha de feijão", mas dava pra fazer o acompanhamento do arroz e a alegria de mamãe.

Enquanto a gente morava no apartamento onde a energia elétrica estava incluída no preço do aluguel, a gente ia levando o feijão cozido nas duas horas, mas daí a gente se mudou e no novo apartamento a energia vem separada. Pão-dura-mão-de-vaca-economica que sou, nem ousei cozinhar um feijãozinho por duas horas pra saber quanto custava, comprei a latinha amiga sem pestanejar e comecei a caçada a panela de pressão barata.

Diz a lenda que deeee-veeeez-eeeeem-quaaaaando dá pra comprar uma panela de pressão bem barata na promoção. Um casal de amigos de Montreal diz que comprou uma na Canadian Tire por $24,00 e confesso que muitas vezes achava que eles estavam de onda com a minha cara, porque com mais de um ano de Canadá, eu ainda não tinha tido a sorte de achar, mesmo passeando por aquela sessão com certa frequência e sempre dando um oi para as panelas. Pesquisando aqui nas bandas do ROC, eu já havia achado uma de $49,90 no Ikea, que me parecia muito boa, e que mesmo amargando no preço, estava disposta a pagar. E se eu ainda não acreditasse na lenda, talvez tinha até comprado...

Sempre antes de fazer as comprinhas do mercado dou uma olhada nos folhetos das promoções da semana. Nesse dia, estava fazendo a listinha das pechinchas quando de repente me deparei com a lenda da promoção: 50% de desconto em todas as panelas de pressão daquela loja. Quase não acreditei, a panela de pressão num preço lendário estava bem ali na minha frente!!!

Era sexta-feira, a noite já caia sobre a cidade e eu sem pensar nas consequências dos meus atos, dei um pulo da cadeira, sacudi o folheto da loja na frente do marido, agarrei o braço dele, peguei a bolsa e saímos correndo pra loja mais perto daqui de casa!

Era o primeiro dia da promoção, mas e o medo de chegar lá e não ter mais??? Corri em direção a loja, conseguia até ouvir a musiquinha das olimpíadas ao me aproximar da pilha de panelas no meio da loja, tanam nam nam namm nammmm... podia confirmar o descontão tão inacreditável a distância, e mesmo correndo, podia ver a cena das minhas mãos pegando uma caixa se realizando em slow motion...  fui conferir o preço na maquina, precisava confirmar se não era mesmo uma lenda... hahahahahahaha.

Quando a maquina confirmou o descontão $24,99 (!!!) saí correndo mais uma vez olimpicamente em direção ao caixa e adquiri assim, finalmente e para alegria geral de uma mãe colatinense, a minha primeira panela de pressão gringa! Depois de pagar, ergui a panela, olhei para a câmera de segurança (alguém afinal precisava registrar aquele momento) e disse lentamente: "É   p r a   v o c ê   m ã e !". Claro que tudo isso aconteceu de uma forma um pouquinho, mas só um pouquinho, menos cinematográfica do que essa... rsss

E então como proprietários de uma panela de pressão, voltamos para casa muito alegremente e cantarolando aquela canção...

Comprei uma panela de pressão... tururu tchu tchu...

Quanta alegria! E quanta mudernidade também, gente! A nossa é a mais simplinha do mercado e só de válvulas de segurança a bichinha tem 3. Só falta mesmo falar. Acho até que tem uma lá na loja que fala, sabe? Porque por aquele preço, 200 doletas (!) deve chamar a gente pelo nome quando a comida fica pronta "Dona Maria, acabei!". Mas eu não quis saber muito dela não, sabe? Por aquele preço, fiquei com medo dela além de falar, também ter o poder de hipnotizar e te convencer a levá-la pra casa, #medo!

E depois de 1 ano e meio, finalmente pudemos comer em casa um feijão de verdade, com um caldinho cremoso, com grãos macios e com muitas folhinhas de louro, para alegria de um marido carioca.

E para fechar com chave de ouro, a fotinho da mais nova estrela dessa cozinha, a panela de pressão:

 (ciumenta, mimosa enxerida queria aparecer na foto também... rsss)

Quando a gente começou com essa historia de imigração, uma das primeiras a primeira pergunta foi: qual cidade? Como todo bom candidato a imigrante, começamos nossas pesquisas pelo bom e não tão velho assim, St. Google. Foi nesse momento que começamos a descobrir os blogs dos brasileiros, suas experiências e dicas.

A partir daí começamos a definir critérios, pesquisamos economia, criminalidade, distância da terrinha e principalmente e principalmente-mente-mente mesmo, o clima. Nem precisa dizer que após uma longa, extensa e incansável pesquisa, escolhemos, ninguém mais, ninguém menos, que a quase perfeita Vancouver. A partir desse momento focamos todas as nossas pesquisas em Vancouver, lendo blogs de brasileiros que já viviam por lá, ouvindo a 95 crave (hoje Virgin) o dia todo, assistindo e lendo o jornal local... enfim, eramos uns Vancouvernáticos.

Processo finalizado, passaporte em mão, vistos devidamente colados e carimbados, então currículos começaram a ser panfletados, perfis nos sites de jobs começaram a ser atualizados, e como era de se esperar, a oportunidade apareceu. Acontece que nem tudo (ou quase nada) é do jeitinho que a gente quer, e o fantasma da "Primeira Experiência Canadense" assombrava nossas noites, então não pestanejamos, arrumamos nossas malinhas e partimos para Montreal.

Montreal nunca passou pela nossa cabeça lá no inicio da coleta de informação. Mas quando ela passou a ser uma opção oferecendo a primeira experiencia de trabalho, começamos a pesquisar e estudar francês o mais rápido possível, mesmo sendo na prorrogação do segundo tempo. No começo foi um pouco difícil aceitar a ideia, mas decidimos que era a melhor opção pra gente, respiramos fundo e fomos.

Foram 1 ano, 4 meses e 4 dias de Montreal, que podemos dividir também em duas primaveras, 1 inverno e meio e 1 outono, dias muito bem vividos e aproveitados.

E depois de tudo isso vivido, a história se repetiu, a oportunidade bate a porta outra vez. E a resposta pra ela foi um novo sim. Marido achou a oportunidade muito boa, e eu, bem... ultimamente tenho vivido uma vida de madame, só faço estudar, então pra mim foi fácil, só mudei de escola.

Claro que a parte ruim foi deixar todos os novos amigos e o conforto de já estar num lugar onde a gente já se sentia em casa, mas isso fazia parte da nossa decisão. E apesar de ainda não ser a nossa Vancouver querida, com praias e montanhas, bom... Toronto tem um clima de cidade grande, aquela agitação que a gente sentia no Rio de Janeiro e ainda tem um lago com praia de areia fininha e COM ONDA!!

É claro que não irão faltar comparações entre as duas cidades e nem novas descobertas, novas experiências e novos micos para minha coleção. O que significa também que teremos, muito mais assunto aqui pá nóis!

Isso significa também, e talvez principalmente, que o propósito desse blog continua sendo seguido e que eu mais uma vez sigo Mudando a Vida...

Se você quer saber como vai continuar essa história, não perca o próximo capitulo, nesse mesmo endereço, nesse mesmo lugar!

Até  lá!
Como eu disse no último post, estou com um monte de assuntos esperando para serem escritos no blog, mas cadê o tempo?

A mudança foi mais estressante do que eu esperava que fosse. Para completar a apressadinha aqui começou a fazer o curso de inglês no instante que chegou, o curso que é em tempo integral (!!!). Junte a isso a transferência da internet, de endereço, a busca de um novo apartamento, uma duzia de pilhas de caixas, cancelamento de contas e uma geladeira que parou de funcionar no meio do verão, tarammmm: pessoa estressada!

Outra coisa que contribuiu muito para minha ausência foi o tamanho dessa cidade. Lembra quando eu dizia que Montreal era uma roça grande? Pois a cada dia eu me convenço mais disso... rsss

Eu sinto como se em Montreal eu pudesse funcionar com duas pilhas Rayovac, das amarelinhas, e em Toronto eu preciso estar ligada no 220v ALL-THE-TIME.

Tipo, to me sentindo na cidade grande agora... literalemente.

Mas acho que já posso dizer que estou entrando no novo ritmo, mesmo ele sendo bem frenético. E falando nisso, pro bloguinho querido não ficar tanto tempo desatualizado, eu vou fazendo os posts e publicando. Geralmente eles passam por uma correção ortográfica feita pelo meu personal editor (chique né?), mas tadim, ele também está no 220v igualzim a mim, e um blog ficar dependendo de dois "atrapalhados na cidade grande" pra ser atualizado, ele não vai ser atualizado, né? Então, possíveis erros gramaticais, sintáticos, morfológicos e non-sense poderão estar presente nos próximo  post's (e nesse), então amiguinhos, considerem essa possíbilidade e perdoe a escritora amadora aqui ;-)

E agora com geladeira gelando, internet internetando e eu voltando ao estado normal, organizo minhas ideias e coloco elas aqui em letrinhas tão logo que eu puder, I promise! Afinal, vocês estão interessados em saber mais sobre isso, não estão? (estou ouvindo o simmmmm!!!!!!!)
Querido diário blog, eu sei que tenho deixado você entregue ao completo abandono, culpa minha, claro, quem mandou eu ser tão perfeccionista? Mas eu prometo pra você (e pra vocês também queridos leitores) que eu penso em você todos os dias, em todas as coisas que quero te contar (tenho até feito anotações sobre os assuntos), e que até aqueles posts que comecei a escrever vou terminar o mais breve possível. Pro-me-to!
Primeiro dia no Canadá, eu toda deslumbrada com tudo aquilo a minha volta (leia-se: metros de neve) parei numa esquina de uma movimentada rua de Montreal e disse: Minha nossa, estou no Canada! Nesse exato momento, quase como o mestre dos magos que só aparece pra dar opinião errada e depois some, um ser humano quebeco me apareceu e disse: "- ma chère, vous êtes au Quebec". E disse isso sem biquinho, e com um estranho "lo" no final...

Oi????

Assim, meio que sem entender nada, olhei para o marido e disse: "mas onde é que tá o Quebec, mesmo?" Foi nesse dia que eu aprendi todo aquele blá blá blá de Vive le Quebec libre. Foi nesse dia que eu aprendi tudo que é de mais importante sobre esse país, que não está nos livros, não está na internet, muito menos naquele monte de papel que a gente recebe do consulado junto com os passaportes, nesse dia eu aprendi que esse território se divide em dois: de um lado o azul com a florzinha e do outro o vermelho com a folhinha, de um lado o Quebec de outro o Rest of Canada - ROC.

Isso tudo é loucura? Eu acho que é. Até agora eu acho que o Quebec está perdendo tempo querendo não ser Canadá. Por isso (e por outros motivos) acho que eles deveriam ser país.

E se me permitem a ousadia, eu acho que isso dá até um samba enredo... samba enredo não, uma Toada, com uns lindos rituais de Bumbá... Bumbá não porque aqui não tem tanto boi assim, vamos substituir os bois por Canadian Caribou - Rena, aquela do Papai Noel, se você preferir - de um lado do bumbódromo... digo Renódromo, a Rena Garantida com a folha vermelha na cabeça e do outro lado a Rena Caprichosa com uma flor-de-lis azul. Atrás deles os levantadores de toadas, um em inglês o outro em francês... imagina o delírio da galera? Isso ia virar ponto turístico desse país, já posso até ver entrar para o calendário anual de eventos e ser até mais aguardado que o Baile do Cafona de Colatina.

E antes que você largue meu bloguinho e saia procurando o que é Toada, eu explico: toada é aquela música que cantam durante o desfile do boi (como um samba enredo) na festa de  Parintins, no Amazonas...

A côr do meu batuque
Tem o toque, tem o som
Da minha voz
Vermelho, vermelhaço
Vermelhusco, vermelhante
Vermelhão...

....

Meu coração é vermelho
Hei! Hei! Hei!
De vermelho vive o coração
He Ho! He Ho!
Tudo é garantido
Após a rosa vermelhar
Tudo é garantido
Após o sol vermelhecer... 

...

Viu como você já conhecia uma toada...

E eu viajei na maionese, não? Tá, pode até ser, mas que seria uma alegria pra esse povo, isso seria... imagina os quebecos todos de panelinha na mão no desfile desse ano atrás da Rena Azul? hahahahahahahahahahaha

Mas voltando do mundo da lua e focando no nosso assunto:  Resto do Canadá, foi assim que os quebecos apelidaram o "Canadá", e é para lá que eu estou indo agora!

E se você quer saber como vai ser a vida no ROC da nobre Camponesa de bom coração que vai todos os dias ao bosque recolher lenha, não perca as cenas dos próximos capítulos, nesse mesmo blog, nesse mesmo canal! Porque por hoje eu já viajei bastante... rsrsrs

Eu me lembro da primeira conversa que tive com marido sobre o Canadá. Lembro do lugar onde estávamos e exatamente a conversa que tivemos. Ele me trazia uma espécia de cartão postal do Quebec, que foi parar nas mãos dele até hoje não sabemos como. Era uma propagando do governo. Nesse dia, marido pessoa dedicada que é, já havia pesquisado quilômetros de informação sobre o processo de imigração e me contou sobre o que se tratava essa história. Na parede do quarto onde estávamos tinha um mapa mundi, eu levantei, olhei para o mapa, coloquei o dedo bem em cima do Canadá, fiz cara de interrogação e então perguntei: "Quanto tempo de voo?" Meio que sem entender a pergunta (afinal, tantas informações e eu queria saber justo quantas horas de voo?) ele respondeu: "Acho que umas 12 horas". Ainda com os olhos no mapa e os dedos postos como copaço medindo a distância entre o Brasil e o Canadá, respondi: "beleza então... mesmo tempo que gasto do Rio pra Colatina no busão pau de arara pra ver mamãe... vamos quando pro Canadá?" Lembro perfeitamente da cara de incrédulo dele, tentando entender se eu estava fazendo uma piada ou falando sério.

Eu estava falando sério...

É claro que naquele primeiro momento "vamos quando?" era mesmo uma piada. Até parece que é tão fácil assim, né? Eu mesma não tinha muita noção do que era tudo isso. O que era Canadá, o que era o Quebec... mas foi naquele exato momento que nasceu essa vontade de mudar e aceitar esse desafio. Lá naquele apartamento em Copacabana, nós dois começávamos o nosso grande negocio que era imigrar. Um colocou a lenha, o outro acendeu o fogo, e logo começamos todo aquele blá blá blá de processo, de espera, angustia, vida parada... que todos os candidatos a imigrantes já estão cansados de saber. Estuda daqui, pesquisa de lá, abre a mão de uma coisa, se adapta a outras, se despede, se desapega, se apega outra vez... e quando tudo parecia já estar entrando nos eixos novamente, a duplinha de coragem sem limites dá a louca no cabeçote e resolve começar tudo outra vez.

O Quebec não foi exatamente a primeira opção no processo de imigração, foi a oportunidade, eu gosto dessa ideia, e ela é a pura verdade... Quebec foi a oportunidade, mas aí eu entro em outro assunto, e acho melhor deixar isso para um novo post...

Por enquanto fica a despedida do Quebec, um lugar que eu aprendi a gostar... um outro país dendro do Canadá. Um lugar com suas qualidades e seus defeitos. Meu coração ficou maior quando eu aprendi gostar de Montreal, e ficou triste quando o deixei... para trás fica a primeira experiência Canadense, ficam amigos, um caminho que começou a ser traçado desde lá do Brasil, momentos de tristeza e de muitas alegrias... e fica também, deixado sobre a estante de livros já vazia, o postal presente desde o começo dessa história...

Até qualquer dia, Montreal...
Au revoir, Quebec...


Eu sumi! Quero dizer, eu continuo aqui mas sem tempo para colocar na tipografia Times News Roman as últimas novidades e tudo o que está na minha cabecinha... e são tantas coisas...

Mudança sempre causa isso né? ops, adiantei a novidade... hahahahahahahahaha

E agora que você já sabe qual é a novidade deve entender melhor como anda minha vidinha aqui no hemisfério norte. Quem já fez nem que seja uma mudançazinha na vida sabe como é. Muitos distúrbios, cancelamentos, transferências, mudança de endereço, cansaço e montanhas de caixas, muitas caixas...

Daí eu me pergunto, quando foi que eu acumulei tanta tralha que não vi? Onde foi que eu arrumei tanta coisinha em um espaço de tempo tão curto? Eu cheguei com uma mala e saí com muitas caixas. E olha que eu me policio pra não ficar igual a minha tia que guarda caixinha de pasta de dente o ano todo pra participar da promoção do Caminhão do Faustão. Nós seres humanos... adoramos uma tralha, essa que é a verdade!

As coisas já estão entrando nos eixos, logo logo espero conseguir arrumar uma prateleira nova e colocar cada tralhinha no seu devido lugar e também organizar as ideias em lindos e divertidos posts!

A coisa está adiantada, já até comecei a escrever o próximo post que fala sobre minha mudança... mas espera, sobre isso eu vou falar só no próximo post. Até lá =D





Outro dia aconteceu uma coisa engraçada, peguei o metrô após o curso em direção ao centro, estava  distraída pensando na vida e tomei um baita susto quando de repente um estranho começou a falar comigo em português. Depois de um tempo a gente entra num sistema automático que com estranhos você não fala em português (não sei se isso é com todo mundo ou só comigo), além disso, eu havia estado falando inglês por mais de 4 horas seguidas, então quando o estranho começou a falar comigo em português eu fiquei estática sem saber em qual idioma eu iria responder.

Passados alguns segundos, meu cérebro mudou o sistema e eu respondi... "sim, sou brasileira". Era um rapaz bem simpático, conversador, e entre as estações Sherbrooke e Berri (uma distância de 2 ou 3 minutos) ele fez milhões de perguntas, tantas que eu quase não tive tempo de perguntar como é que ele descobriu que eu era brasileira, mas antes de chegar na estação onde eu iria ficar, perguntei, e a resposta foi: "Sua mochila, está escrito em português..." Então eu realizei: Essa mochila é a maior entregação... hahahahahahahahaha

Desci na minha estação e tive tempo apenas de dizer um tchauzinho, não perguntei o nome dele, de onde era, nada, apenas sei que ele estava aqui pra estudar por alguns meses porque ele falou. Segui o meu caminho mas fiquei com aquilo na cabeça, é realmente muito raro um brasileiro vir falar comigo assim tão espontaneamente e tão alegremente (e olha que eu desfilo pela cidade toda com a mochila entregação). Pensando cá comigo mesma, acho que algum brasileiro se aproximar assim tão espontaneamente só aconteceu duas vezes antes disso, quando eu estava em Ottawa e um grupo de senhores que estavam fazendo turismo viu marido e eu falando português e vieram se apresentar e no primeiro dia do curso de inglês quando um colega veio conversar comigo assim que soube que eu era brasileira. Fora isso, acho que nunca nem deram um sorrisinho do tipo "oi conterrâneo". Já aconteceu até de brasileiros pararem de falar quando perceberam que falávamos português, mudarem de cadeira no ônibus, de estudar na mesma sala por meses e nunca me dar bola, etc, etc, etc...

Isso me chamou atenção, conversei com outros imigrantes brasileiros (os que não tem problema em ser amigos de outros brasileiros) e com imigrantes de outros países, pra saber se isso já aconteceu com eles também, e descobri que eles já passaram também por isso...

Por que isso acontece? Não sei... já pensei que é porque a pessoa quer imergir no idioma (mesmo sendo imigrantes, ou seja, não é um intercambista que vai embora mês que vem), ou porque quer tirar uma de local e não se misturar, porque o sotaque mostra que não somos do mesmo estado, que a pessoa é um mala mesmo e não quer fazer amizade com ninguém nem ser simpático (e pra achar mala no caminho a gente nem precisa ir tão longe, não é mesmo?) e até que a pessoa não quer ficar de intimidade com um estranho, mesmo sendo irmãos de pátria. Uma conhecida que está aqui há mais de 15 anos disse que não fala com nenhum brasileiro que falar português perto dela porque é chato ficar dando pulinho e puxando assunto todo alegrinho com desconhecido na rua só porque a pessoa fala português "você é brasileiro, eu também sou!!!..."

Talvez ela tenha muita razão, mas é fato que não importa onde você está, quantas pessoas, quanto barulho, ou quanta distância existir, se alguém falar um "aí" em português, você escuta, e esse "ai" entra redondinho no seu ouvido e seu cérebro vai se sentir aliviado por não fazer força nenhuma em entender isso (só demora um pouquinho pra mudar a função resposta, no meu caso). Isso me deixa triste, porque eu sou muito conversadeira, gosto muito de fazer amigos, não importa qual é a nacionalidade ou naturalidade, estou sempre disposta pra uma tagarelice e acho até que quanto mais misturado, melhor. Você não adoraria conhecer gente de diferentes cantos do Brasil? Eu adoro!

Isso até já foi um fato pra colocar no lado negativo da balança. Eu não concordo muito em deixar de fazer um amigo porque a pessoa é brasileira, muito pelo contrário, isso ajuda a gente a se sentir melhor. A gente larga família, amigos, casa, emprego, tudo, e ter alguém que entenda a piada é se sentir um pouquinho mais em casa e menos saudade do que está longe (mas eu não estou apoiando um BrazilianTown, isso não é legal, eu só estou dizendo pra gente não se renegar, okay?).

Quando é inverno, a gente fica quetinho dentro de casa, assiste todos os programas de tv e meio que se conforma com a situação. Mas quando esquenta um pouquinho e se vê um monte de gente na rua, acaba ficando com vontade de sair também, fazer uma farofa no parque, jogar uma peteca, contar umas piadas e falar mal dos outros, mas muitas vezes fazer isso fica taummm difícil... aí bate aquela depressão pela falta dos amigos ou da família... Eu já pensei em várias soluções para isso: adotar um cachorro, porque eu tenho certeza que ele vai me dar atenção e sacudir o rabo freneticamente quando eu insinuar uma saída pra rua, já pensei em ir nas faculdades procurar quem queira dividir uma conversa metade português/inglês, já pensei em procurar um velhinho na fila do banco e até em mandar fazer uma camiseta: Eu sou legal, quer ser meu amigo? Mas até agora não tive recurso financeiro para adotar um cachorrinho nem cara de pau para mandar fazer a camisa.... rsrsrs

Então se você estiver andando por aí e encontrar uma mochilinha azul e branca, escrita em português e uma menina meia desengonçada com cara de boboca alegrinha e ainda quiser fazer uma caridade, não se acanhe, vá conversar com ela, ela vai gostar!


Por uma ou duas vezes, não mais do que isso, me aventurei a fazer um piquenique na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Lá é um espaço muito legal, falta um pouco de cuidado, infraestrutura,  acessibilidade e hábito. Acho até que hábito é o que mais falta, tanto da minha parte, quanto a dos outros moradores da cidade maravilhosa. Mas convenhamos, lá tem praia, e quem tem praia, mar, areia, sol, gente bonita, água de coco, cerveja, guaraná antártica, mate com limão, esfirra do árabe, queijo coalho e Biscoito Globo, vai querer se estirar na grama por que, não é mesmo?  

E depois, no Brasil tem sol o ano inteiro, a praia está sempre ali disponível nem que seja pra uma caminhadinha básica no mês de julho, no final do dia em plena segunda-feira, dia mundial da dieta.

Pelo lado de cá, praia é coisa rara, 6 meses do ano nem grama pra deitar tem, logo...  um dia de sol é um dia de grama. Pelas poucas vezes que estive num parque no Brasil para um piquenique ou passeio (excluo a farofa da praia), pude perceber como as pessoas são, digamos.... contidas. Tanto nas coisas a se fazer, quanto nas a se comer (claro, conclusão que eu cheguei depois de ver como é um dia de parque por aqui). Gringaiada aqui faz de tudo, joga xadrez, frisbee, baralho, quebra cabeça... e pra pança, serviu pra mastigar, serviu pra levar....é pizza, salada, sushi, nachos, frango assado...

Eu já aderi a moda. Faz sol me estiro na grama. Coloco o macarrão na marmita, a toalha na sacola e parto pro parque, sem medo de ser feliz! Eis que um fim de semana desses, eu resolvi passear pelo parque com um olhar de imigrante "turista", tentando registrar os melhores momentos de "um dia no parque" e registrei atividades bem diferentes das que se veem no hemisfério sul.

Você já viu uma cena de filme, onde os amiguinhos, a família feliz ou o casal de namorados apaixonados vão fazer um piquenique num lindo gramado verde cercado de lindas árvores frondosas? Aqui é exatamente assim...e ainda tem toalha de piquenique na mesa ou na grama, cestinha com comidinhas e bebidinhas, gente alegre e feliz, crianças brincando e tem até esquilo eshperto tentando se dar bem....

Mas não para por aí, ainda bem... Gringaiada se esbalda, fazem coisas do arco da velha, que me faz perguntar se um dia eu veria coisa parecida no Brasil. Por isso deixo a pergunta a você, querido tupi-conterrâneo, o que você faria num parque em pleno domingo de calorzão? Selecionei as fotos com algumas das típicas atividades praticadas por aqui (e que espero um dia ser gringa suficiente pra fazer igual ou pelo menos não ficar chocada quando ver) e quero saber de vocês qual dessas vocês nunca fariam ou qual dessas vocês daria tudo pra fazer também...

Juntar uns amigos...

Juntar uns amigos, umas crianças, uma bola, um isopor, um bambolê...

Fazer um aniversário e participar de um jogo de pauzinhos...

Passear no trenzinho da alegria...

Armar a rede...

Tomar um sorvetinho na carrocinha (já que tá calor, né?)...

Andar de patins...

andar de patinete...

de bicicleta com rodinhas...
de bicicleta com uma roda só...

não andar...

Sentar no banquinho pra admirar a paisagem...

usar o biquíni novo ou descansar de pernas pro ar...

Ler o jornal, a revista ou o livro...

Fazer um churrasco...
Banho de sol com a amiga...

com o amigo...

com todo mundo junto...

sozinho....
Fazer um encontro de cheerleaders...

Namorar...

Fazer shiatsu na namorada (#ficaadica)...


Beber uma bebida típica, na garrafa típica e nos copos típicos...

Fumar um narguilé

Bater uma bolinha com as amigas...

Jogar um futebol...

Fazer um show com os amigos...

Fazer um show sozinho...

Meditar...

Se refrescar..

Observar um destemido meliante em ação...

Voltar aos anos 80...

E presenciar o milagre do cão caminhando sobre a água...

Tudo isso e muito mais, no parque canadense mais perto de você!